Pau que nasce torto morre torto?
Cresci ouvindo esse ditado popular muito utilizado pelos mais antigos, minha avó adorava usar quando ficava nervosa com a bagunça dos netos ou quando ia contar um caso mal sucedido na vizinhança sobre alguém...
Acredito que a palavra “nascer” esta carregada de significados. O verbo nascer ao contrário de morrer, está vinculado a origem, a vida, brotar e ao surgimento. Uma plantinha que nasce torta seja uma mangueira, coqueiro, laranjeira ou mesmo uma trepadeira, você vai prendendo os galhos de acordo com o espaço, sua vontade, estética e etc. No final ela fica como você deseja. Certamente, com o devido cuidado, quando crescer lhe proverá bons frutos. Contudo, podemos nos perguntar:
- E aquela plantinha torta, fora dos padrões pré estabelecidos, lá no meio da natureza sem a intervenção de ninguém para endireitá-la e ou, ao menos indicar novos rumos, novos espaços, outras possibilidades?
Metaforicamente, essa plantinha precisa seguir a estética de quem? Encontrar novos espaços para quem? Inevitável questionamento. É o “curso da vida”. Nem todos nós queremos ser mudados ou perdermos o sentido de nossas diferenças. Irá depender do significado de “vida” de cada indivíduo. Sim, falo do “ser”, metade homem metade animal, com nome, raça/etnia, credo, gênero, identidade de gênero, idade, condição social, deficiência e/ou orientação sexual... Outros indubitavelmente irão optar por mudanças no curso da vida. Ahhhhh! O curso da vida, esse realmente pode ser mudado, como um veleiro em alto mar a mercê dos ventos, ou como as lagartas em plena mutação em cada fase de sua vida. Alguns terão que renascer, como as borboletas.
Eu vi, com meus próprios olhos... Num dia de domingo. Em um lugar nem tão encantado assim como nos contos de fadas. Eu vi jovens, iguais a um bando de maritacas em plena revoada, brincarem feito crianças. Eram alimentados de esperanças e “vida” por alienígenas, verdadeiros seres inclassificáveis. Em plena metamorfose.
Evoluir como pessoa requer coragem, mas não me refiro a de transformar-se, porque isso é totalmente natural, afinal vivemos abrindo e fechando ciclos em nossa vida. Falo da coragem de olhar para dentro de si e reconhecer: “Sou lagarta.”
A partir daí, o casulo já não é visto como uma prisão ou um túmulo, mas como um portal, que dá passagem para um mundo novo, visto de cima. Nunca mais as coisas serão as mesmas.
Uma vez borboleta, lagarta nunca mais.
Eu vi naquele domingo, que devemos acreditar mais nas pessoas... Mesmo sabendo que ali, alguns não querem a sua idéia de mudanças ou endireitamento.
Eu vi naquele domingo, que ao sair para o mundo é sempre melhor darmos as mãos e ficarmos juntos. É necessário abrir os olhos e perceber que as coisas boas estão dentro de nós, onde sentimentos não precisam de motivos e nem os desejos de razão.
Eu vi naquele domingo, pão e sorrisos, flores e cachorros, bailados, refrigerante, bola, piscina, encontro e amizade, pandeiro e violão. Notei que, o importante é aproveitar o momento e aprender sua duração, pois “a vida” está nos olhos de quem sabe ver.
No momento, lembrei-me do dito de Guimarães Rosa: "A coisa não está nem na partida e nem na chegada, mas na travessia..." Carpe Diem!
Um “viva aos nossos jovens” !!!
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