CARPE DIEM

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

MEU PRIMEIRO ROTEIRO PARA TEATRO...














“Roteiro é uma história contada em imagens, diálogo e descrição, dentro do contexto de uma estrutura dramática”. (Syd Field)

“Escrever um Roteiro é muito mais do que escrever, é escrever de outra maneira: Com olhares e silêncios, com movimentos e imobilidades, com conjuntos complexos de imagens e de sons que podem possuir mil relações entre si…” (Jean-Claude Carrière)

Seis Passos para o Roteiro
Primeiro Passo: Desenvolver uma Idéia
Todo roteiro – assim como toda obra literária e toda obra de arte – começa sempre a partir de uma Idéia. Idéias valem ouro! A criatividade pode ser alimentada pela observação e interpretação da realidade, muita leitura, pesquisa, vivências do autor,brainstorms com amigos e parceiros, etc. O importante é que cada um desenvolva seu próprio processo criativo, como por exemplo, métodos de relaxamento ou rituais simples para instigar a imaginação e despertar a intuição. No entanto, a transpiração é tão importante quanto a inspiração.
Segundo Passo: Determinar uma Story Line
Definir o Conflito (O que). Traduzir a Idéia em um Conflito essencial e condensar este Conflito em palavras. O Conflito é a matéria prima da dramaturgia e pode confrontar diversas forças. Por exemplo: O ser humano contra outros seres humanos, o ser humano contra as forças da natureza, o ser humano contra ele mesmo, etc. Todo o bom roteiro tem um conflito essencial e pode ser resumido em uma única frase.
Terceiro Passo: Criar uma Sinopse (ou Argumento)
Definir as Personagens (Quem). Determinar quem viverá o Conflito básico e definir o Perfil das Personagens. Uma ferramenta interessante para a criação de personagens consistentes é criar uma ficha, contendo informações diversas sobre cada uma delas, como por exemplo, seus dados, seus hábitos e costumes, religião, situação financeira, dados biográficos, perfil psicológico, crenças religiosas, filosóficas, etc. Além das personagens, a Sinopse deve definir a localização da ação, em que época ela acontece e descrever o decurso da Ação Dramática, a estrutura da ação, descrita no próximo passo.
Quarto Passo: Elaborar uma Estrutura (ou Escaleta)
Organizar uma Ação Dramática (Como) definindo de que maneira as personagens viverão o Conflito, ou seja, de que forma a história será contada. Para isso é importante definir o Plot da ação, ou seja, a parte central da Ação Dramática, a espinha dorsal do roteiro. A Estrutura é a divisão da Sinopse em partes e a forma, ou seja, como a trama vai evoluir até o desfecho. Uma estrutura clássica é conhecida como Ternário (divide-se em três partes). Na Estrutura é preciso definir também o Formato do audiovisual. Para tanto, o primeiro passo é determinar a mídia ou o veículo para o qual se destina o roteiro e depois, fixar o Formato de acordo com a mídia alvo.
Quinto Passo: Elaborar o Pré-Roteiro (ou Roteiro Literário)
Incluir os Diálogos (falas ou locução) que são o fator determinante do Tempo Dramático das cenas ou seqüências. Definir as palavras que serão usadas pelas personagens que viverão o Conflito. As Rubricas (ou indicações) devem acompanhar as falas descrevendo o estado de ânimo ou atitudes das personagens para orientar o diretor e os atores com relação ao clima de cada fala e de cada cena. Os principais aspectos para a criação dos diálogos são a coerência e o conteúdo das falas, e a maneira como se fala. No pré-roteiro, a narrativa, que até aqui é vista como um todo, será dividida em cenas, ou seqüências. Cada cena deve estar integrada ao todo e o desenrolar das cenas deve ter um Ritmo que resulte num tempo ideal. A harmonia do Ritmo determinará a harmonia do conjunto da obra. O Pré-roteiro é também a fase de fazer Leituras Dramáticas do texto, fazer revisões, ouvir feedbacks, refletir sobre o texto e reescrever as cenas e seqüências quantas vezes isso for preciso.
Sexto Passo: Participar do Roteiro Final (ou Roteiro Técnico)
Manejar as cenas e criar uma Unidade Dramática para o audiovisual. O roteiro final é um trabalho de equipe que requer a interação do roteirista com o diretor, a equipe de produção e até com o elenco. É hora de corrigir imperfeições e trabalhar as imagens mais a fundo, incluindo os Movimentos de Câmera e Planos de Filmagem. Aqui também serão incluídos a Iluminação, a Trilha Sonora, o Elenco e outros detalhes de produção. Ao final deste trabalho o roteiro deve estar pronto para ser gravado. Doc Comparato acredita que “Compete ao diretor e à sua equipe, converter o roteiro literário em roteiro técnico… Elaborar o roteiro final significa converter o Primeiro Roteiro – um texto – em uma ferramenta de trabalho que será entregue à equipe de produção para ser traduzida em imagens e sons“.
Escrevendo Roteiros
Considerações Gerais sobre o Roteiro:
1. Mídias e Veículos: Para determinar o formato do audiovisual e do roteiro, é preciso definir para qual mídia ou veículo o projeto se destina: Teatro, Cinema, Televisão, Vídeo, CD ROM, DVD, Internet, Eventos, etc.
2. Teatro: Para escrever roteiros para qualquer mídia é preciso conhecer os fundamentos do Teatro que é o pai das artes cênicas. Há três aspectos fundamentais na arte do Teatro:
Conflito – Não há ação dramática sem conflito, mesmo que seja a total ausência de conflitos.
Sonoridade – A força de uma narrativa dramática está na sonoridade do texto expressa nas falas, nos diálogos, na locução, etc.
Estética – As imagens precisam ser criadas e visualizadas através de um conceito estético que harmonize formas, cores e movimentos, causando impacto visual no espectador.
3. Diferenças de Linguagem: O Teatro é a arte do Diálogo. O Cinema é a arte da Imagem. A Televisão é um misto entre os dois. Novelas e seriados pendem mais para o teatro (diálogos) e as minisséries, para o cinema (imagens). Já a Internet é a arte da Interatividade.  
4. Formatos do Roteiro: O modelo e a diagramação do roteiro variam conforme a mídia a que ele se destina. Existem padrões para cada tipo de roteiro. Cada mídia exige informações preliminares adequadas à sua linguagem:
Teatro – Época, Local, Cenário, Personagens, Observações. Eventualmente pode-se incluir a Story Line e a Sinopse da peça.
Cinema – Época, Local, Locações, Personagens (principais, secundários, periféricos, extras e figurantes), Apresentador, Locutor ou Narrador. Pode-se incluir observações sobre a Trilha Sonora, Iluminação, dados referentes à produção, a story line e a sinopse do filme.
Televisão – Época, Local, Ambientação, Personagens (principais, secundários, periféricos, extras e figurantes), Escaletas.
Empresariais: Cliente, Formato, Duração, Público-alvo, Cenário, Personagens, apresentador ou locutor; Trilha, Observações, etc.
5. Ferramentas do Roteiro: Teatro – O roteiro de teatro é composto por Diálogos, que são as falas das personagens, ao vivo ou em off e por Rubricas [vide tópico 13] que descrevem o que acontece em cena e os estados emocionais das personagens. Há ainda as indicações de sons, efeitos, trilha sonora, e efeitos de iluminação, que podem ocorrer em ocasiões específicas.
Cinema – O roteiro de Cinema é formado pela descrição das Imagens, ou seja, tudo aquilo que se vê na tela, inclusive letreiros; e Áudio, tudo aquilo que se ouve no filme, as falas das personagens, apresentador ou locutor, efeitos de som e trilha.
Televisão – O roteiro de Televisão também é composto por descrição de Imagens e de Áudio.
Internet – Em um roteiro interativo, além da descrição de Imagem e Áudio, há a Programação, que descreve as possibilidades de navegação dentro do programa.
6. Divisão do Roteiro: Toda a ação dramática se divide em Cenas, no entanto um roteiro não precisa ser dividido cena a cena. O roteiro para teatro é dividido em Atos. Em cinema, o formato mais comum é o Sequenciado (dividido em sequências). Em televisão, o roteiro divide-se em blocos por causa dos intervalos comerciais, que se subdividem em sequências. Em vídeo, normalmente, o roteiro é dividido em Blocos por assunto, que se subdividem em sequências. Em roteiros para mídia digital, a divisão ocorre através de um menu com assuntos opcionais.
Em cinema e televisão, a forma mais usada para dividir as sequências é a mudança de ambientação, ou seja, muda a locação da filmagem, muda a cena. No teatro, as cenas mudam com a entrada e saída de personagens.
7. Formato do Audiovisual: O programa pode ser Ficcional ou Não-Ficcional e os formatos variam de acordo com a mídia a que se destina o projeto. 
Cinema – Documentário, Longa-metragem, Curta-metragem, etc.
Televisão – Telenovela, Seriado, Minissérie, Documentário, etc.
Vídeos Empresariais – Comerciais, Institucionais, Treinamento e Produtos.
Eventos – Shows, Convenções, Inaugurações, etc.
Mídia Interativa – Comerciais, Informativos, etc. 
8. Gêneros do Roteiro: Além de do formato (Ficcional ou Não-Ficcional ) o roteiro pode ser classificado quanto ao gênero:
Aventura – Western, Ação, Mistério, Policial, Guerra, Musical.
Comédia – Romântica, Musical, Infanto-Juvenil.
Crime – Psicológico, Ação, Social, Policial.
Suspense – Terror, Mistério.
Romance – Amor, Melodrama.
Drama – Romântico, Biográfico, Social, Musical, Comédia, Ação, Religioso, Psicológico, Histórico.
Ficção Científica – Futurista, Imaginário.
Outros – Tragédia, Farsa, Animação, Histórico, Séries, Mudo, Erótico, Documentário, Semidocumentário, Infanto-Juvenil, Educativo, Eventos, Empresarial ; etc,
 9. Localização no Tempo e no Espaço: Logo no início do roteiro deve-se definir onde e quando a ação transcorre.
Época – Localizar a história no Tempo – Quando.
Local – Localizar a história no Espaço – Onde.
 10. Perfil das Personagens: A personagem é um ser humano imaginário. Para compor personalidades consistentes, vivas e interessantes é preciso refletir sobre seu caráter e formação. O autor pode valer-se de suas próprias vivências e lembranças, e pesquisar sobre os dados atribuídos à personagem. Uma ferramenta para dar corpo a elas é elaborar uma ficha contendo alguns dados como: Sexo, Tipo físico, Idade, Nacionalidade, Quando e Onde vive ou viveu, Classe Social, Raça, Saúde, Escolaridade e nível cultural, Profissão, Família, Hobbies, Hábitos, Fatos do Passado, Relacionamentos afetivos, Sexualidade, Religião, Filosofia e ideologia política, Situação financeira e patrimônio, Aspectos psicológicos, Vícios e desvios de conduta, etc.
11. Estrutura Clássica: Embora existam diversas variáveis, a Estrutura clássica de fragmentação de um roteiro é conhecida como Ternário:
Preparação – Surge o conflito
Desenvolvimento – Crise
Desenlace – Resolução 
12. Rubricas e Indicações: As Rubricas e Indicações podem aparecer na área destinada ao áudio e entre as Imagens também. Elas devem ser claras, diretas e objetivas para que todos os profissionais da equipe de produção possam entender aquilo que o autor quer dizer. E devem ser criativas também, para que o diretor e os atores captem o clima e a densidade da ação. Há dois tipos de Rubrica:
Rubricas de Ação – descrevem o que acontece em cena.
Rubricas de Tonalidade – descrevem os estados emocionais das personagens e o tom dos diálogos e falas.
As rubricas devem ser usadas com parcimônia com o objetivo exclusivo de descrever, de forma sucinta, o que acontece em cena e em que tom as personagens expressam suas falas. Ao exagerar no uso de indicações, o roteirista estará invadindo o espaço criativo do diretor e do elenco.  
13. Movimentos de Câmera: Para escrever para Cinema, Televisão e Vídeo, o roteirista deve conhecer os Planos de Filmagem e os Movimentos de Câmera, mas não cabe a ele definir os planos de cada cena. No primeiro roteiro ou roteiro literário, alguns movimentos poderão ser sugeridos ou descritos nas cenas-chave da ação ou para dar ideia do clima de uma seqüência. Mas caberá ao diretor e à equipe de produção, definir cada Movimento de Câmera no Roteiro Final ou Roteiro Técnico. Ao se exceder na descrição dos planos de cada seqüência, o roteirista estará invadindo o campo de ação do diretor e da equipe de produção.
Por Hernany Lisardo
Fontes:
– Doc Comparato – “Da Criação ao Roteiro” – Editora Rocco – 486 págs. – 1995
– Murilo Dias César – “Curso de roteiro – Teatro, televisão e cinema” – 2000
– Walter Webb – “Cinema Total – Roteiro, direção e produção” – 2002

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Projeto premiado em Minas e no Brasil tem programação definida com Cante um Conto!

O ‘Amigos da Leitura – Leitores do Futuro’ foi considerado o 4º melhor projeto cultural de Minas Gerais e o 10º melhor de todo o Brasil. Além de ser reconhecido, será apresentado no 1º Congresso Nacional de Bibliotecas Públicas, que será realizado em São Paulo.
As escolas e projetos sociais que participam do ‘Amigos da Leitura’ são convidadas para assistir peças, filmes, ouvir contações de histórias. Tudo isso com o intuito de incentivar a formação de novos leitores e em consequência de novos cadastrados na Biblioteca Pública Municipal.

sábado, 21 de março de 2015

20 DE MARÇO: DIA DO CONTADOR DE HISTÓRIAS

Quem conta um conto aumenta um ponto!



20 de março: O Dia do Contador de Histórias A função de contador de história está intimamente ligada ao universo lúdico. As histórias que são repassadas fazem menção a lendas, contos e poemas Você sabe quem são os contadores de histórias? Essa função é tão importante que existe até um dia para comemorá-la. Todos os anos no dia 20 de março, os contadores de história são celebrados. Entenda de onde partiu essa iniciativa e quais os benefícios dela para a sociedade. O contador de história Apesar de ter se transformado em uma atividade reconhecida recentemente, a função de contador de história existe há séculos. Graças a ela, muito do que conhecemos hoje das antigas civilizações e costumes são conhecidos. É o que chamamos de herança oral. Ou seja, por meio de indivíduos que contavam histórias (muito antes do surgimento da escrita) temos acesso hoje em dia ao que acontecia bem antes dos registros tradicionais, como os livros e documentos. Muitas lendas, contos, culturas e religiões sobrevivem desse recurso narrativo imprescindível.
Reconhecimento do contador de história Atualmente, a função do contador de histórias ganhou contornos de maior atuação. Depois de uma breve desvalorização da atividade, devido a tantos recursos tecnológicos, os contadores ganharam mais reconhecimento. Desta vez, a função está intimamente ligada ao universo lúdico. Ou seja, a função de transmitir a cultura, religião ou fatos bélicos, ficou no passado. Agora as histórias que são repassadas fazem menção a lendas, contos, poemas e outros braços da literatura e da arte. Apesar da mudança, a importância continua a mesma, pois o lúdico é fundamental para o desenvolvimento cognitivo das crianças. Ele permite o aperfeiçoamento de diversos sentidos fundamentais para a formação educacional da garotada. Muitas pessoas são contadoras de história e atuam em centros educacionais, ONGs, hospitais, parques, bibliotecas e eventos do gênero. A função merece mesmo um dia só dela, para que outras pessoas reconheçam a sua funcionalidade na sociedade e no sistema educacional brasileiro. (Texto: Hernany Lisardo)